segunda-feira, 29 de junho de 2009

As Mil Mãos do Boddhisattva Kuan Yin



As 21 bailarinas são surdas-mudas.
Ela são auxiliadas por monitoras ouvintes, que percebemos ao lado do palco, quando a câmera pega o todo.
Elas interpretam "As Mil Mãos do Boddhisattva Kuan Yin"; o Boddhisattva da Compaixão.

Eliane

Stop and hear the Music



REFLEXÃO SOBRE A PERCEPÇÃO DE VALOR INTRÍNSECO

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.
Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.
Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.
Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.

A experiência, gravada em vídeo http://br.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw

mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.

Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço.
O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes?
É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser? Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro.
Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho. Mostra-nos, ainda, que a maioria das pessoas só valorizam aquilo que está precificado.

"O preconceito é filho da ignorância" Willian Hazlitt

"Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda." (Carl Gustav Jung)

Te amo como



Te amo como as begônias tarântulas amam seus  
congêneres; como as sementes se amam enroscadas lentas 
algumas muito verdes outras escuras; a cruz na testa lerdas 
prenhes; dessa agudez que me rodeia, te amo ainda que isso 
te fulmine ou que um soco na minha cara me faça menos osso e 
mais verdade. 
 
Hilda Hilst: Lucas, Naim 

Indivisiveis



O meu primeiro amor e eu sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas,
Isto é, que a gente achava bobas
Como qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos.
Crianças...
Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexos
A não ser o azul imenso dos olhos dela,
Olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
Nem no cachorro e no gato da casa,
Que tinham apenas a mesma fidelidade sem compromisso
E a mesma animal - ou celestial - inocência,
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
Não, não importava as coisas bobas que diséssemos.
Éramos um desejo de estar perto, tão perto
Que não havia ali apenas duas encantadas criaturas
Mas um único amor sentado sobre uma tosca pedra,
Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabia
Que eles levariam procurando uma coisa assim por toda a sua vida...

Mário Quintana

Declaraçao de amor



O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar
O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar

Carlos Drummond

Sutilmente