quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Recomendações de leitura




By Gazeta Mercantil: “A philosopher in the Bradesco presidency. If the prospect sounds unusual for the profile of a banker, Luiz Carlos Trabuco Cappi could surprise. Those who know him guarantee that he understands people, products and numbers.”


Seguem os três livros recomendados pelo Luiz Carlos Trabuco: “Os Sermões” - Padre Antônio Vieira; “A Marcha da Insensatez” - Barbara Tuchman; "Tudo que é Sólido Desmancha no Ar" - Marshall Berman.

Separações, de Domingos de Oliveira

Há pessoas que sofrem com separações, outras, muito mais raras, se alegram com isso. Realmente uma separação é sempre um alívio. E alguns logo encontram a “solidão magnífica”, conforme chamou Freud. Mas não sou esse tipo de pessoa e para os homens comuns, separação dói muito.
O assunto não me é estranho porque já fiz um filme sobre ele e também porque tive cinco casamentos e cinco separações.
No entanto não tenho nada a dizer sobre o assunto. Há coisas assim, quanto mais se vive ou mais se pensa, mas obscuras ficam.
Na primeira separação, tinha uns vinte e poucos anos. O nome dela era Eliana. Me desarticulei tanto que não podia sair na rua, achando que os edifícios cairiam sobre mim. Lembro também que foi nessa época que descobri a psicanálise, e logo depois o álcool. Na boemia, no tempo sem tempo da boemia, procurava aflitamente o Amor. Quebrei minha mão dando um soco na parede e fui à sessão de psicanálise tocar uma flauta de plástico que alguém me deu, com a mão engessada. Quero dizer que sofri muito.
Na minha segunda separação sofri muito. Tinha três namoradas ao mesmo tempo, e brochava com as três. O nome dela era Leila. Em vez de tocar a flauta, fiz um filme, “Todas as Mulheres do Mundo”. Ninguém duvide disso: Períodos de separação são em geral altamente produtivos.
Minha terceira separação, Nazareth, eu tinha quarenta e poucos, sofri muito e não teve graça nenhuma. Eu estava sem dinheiro e vivia minha vida nos corredores dos bancos adiando promissórias, parcelando dividas, movido por anfetaminas. Naquela época eram vendidas como remédio para emagrecer.
Meu quarto casamento, Lenita, durou dez anos e tive uma filha. Maria Mariana. Na quarta separação tinha quase cinqüenta, tive poucas namoradas, poucas porém boas.
Até que há vinte e oito anos atrás, casei com Priscilla, adorável criatura que me acompanha até hoje. E lá pelo oitavo ou décimo ano de casamento, passamos um ano separados. Se eu tinha desarticulado na primeira, nessa ultima desagreguei, quero dizer, sofri muito. Mas sempre produtivamente. Essa experiência resultou num filme, “Separações”.
Se eu cito esses dados biográficos nesta palestra, é apenas para tentar perceber o que há de comum entre essas cinco malditas porém necessárias passagens. Na verdade quase pode ser dito que todo homem solteiro quer casar assim como todo casado quer ficar solteiro. Não conheço nenhum casal decente que não nutra um sólido desejo de separação. Faz parte de um bom casamento, creio. Afinal, o amor tira a liberdade, sem duvida. O que é inadmissível. E a solidão muita vezes é desagradabilíssima e vazia. Enfim assim vamos todos, amando e desamando, carneirinhos a espera do corte.
A pergunta que faço hoje em dia a respeito do assunto é sobre a possibilidade de amar, casar e separar sem sofrer. Muito me perguntei sobre o mistério da dor do amor. Para tentar entender a dor do amor existem três indagações sobre o amor, ele mesmo.
Primeiro. Porque o amor (a paixão) acaba? Infinita enquanto dura, mas não dura. É por esquecimento de si mesmo? Porque sendo explosão, com tempo se atenua? Porque, tendo dado ao amante sua chance de eternizar-se, não tem mais nada a fazer ali?
A segunda indagação vai mais direto ao ponto: Porque dói tanto quando o amor acaba? Porque é tão triste? Porque é inaceitável? Nenhum raciocínio ou vivência autorizou a crença de sua perenidade? Porque afinal nos dilaceramos? Ah, a dor do amor. É mais que uma angústia. É uma febre, uma desidratação. Poucas coisas são tão tristes quanto o fim de um grande amor. Talvez nem o fim da vida seja tão triste. E o que dói? Onde dói? Dói por não ser mais o que era. Dói por tudo que poderia ser, se ainda fosse, mas não será jamais. Dói a perda da paixão, única moeda cósmica que temos a nossa disposição. Porém, acalmemos. Deve haver um motivo objetivo para tanta dor. Examinemos metodicamente uma a uma as perdas.
O que se perde quando é perdido um amor? Talvez a moeda cósmica? Não, não deve ser isso. Todos os homens sofrem separações e nem todos se importam com o cosmos.
A perda do objeto sexual? Também não deve ser isso. Há muitas Marias para cada João.
Qualquer coisa ligada a ciúme de terceiros? Mas há separações que não envolvem terceiros, nem por isso deixam de ser sofridas.
Tão pouco são razoáveis as explicações psicológicas, quebra da fantasia, falência de um investimento sentimental ou qualquer coisa desse tipo. Mas também não é isso. Homens maduros, estudiosos, que certamente ultrapassaram esse tipo de acontecimento psicológico também sofrem como cães envenenados.
Aprofundemos essa espiral.
Talvez o horror da solidão quando convivemos muito com a pessoa amada, perdemos totalmente a noção de como somos sós no mundo. Nossa íntima alegria ou dor é compartilhada, ganhamos um ouvinte interessado e perder isso, convenhamos, é perder muito.
Talvez o medo da liberdade, citando Dostoievski, meu caro companheiro desde a adolescência, “Não há nada que o homem deseje mais do que a liberdade, nem nada que lhe seja tão doloroso”.
Na terceira indagação sobre o amor pergunto se ele é necessário. Na pesquisa da verdade todas as hipóteses devem ser levantadas, mesmo as deselegantes. Existirá mesmo um grande homem só? Não será um homem um animal ou dois? Como intuía os antigos gregos, um ser cuja biológica natureza verdadeira é ser parte de uma unidade maior, chamada casal. Se a função da hipótese é responder paradoxos, esta é a meritosa, posto que pelo menos explica a dor do amor. Dói porque falta uma parte, tanto quanto doeria se nos arrancassem um braço ou um olho.
Quando escrevi o roteiro do filme “Separações” eu tinha farto material a respeito. Tanto retirado da minha vivência quanto daquela dos amigos, mas não conseguia fechar a história. Somente pude fazê-lo quando lembrei da Kubler Roth e de suas fases pelas quais obrigatoriamente passa um doente terminal. Quando reparei que elas podiam coincidir com as fases do meu herói ridículo num período de separação, o roteiro ficou resolvido. Somente é possível comparar a separação de dois amantes com a morte de um homem. No filme minha ordem é: a Negação (“Não! Não pode ser! É mentira, ela vai voltar. Foi uma briguinha à tôa.”), a Negociação (“Se ela voltar para mim eu paro de fumar, subo os degraus da Penha, nunca mais vou ser galinha”), a Revolta (“Quero te matar, sua puta!”) e a Aceitação, que é quando se arranja outra namorada. Ou então a mulher volta. Observe que tomei certas liberdades com a Kubler Roth. Inverto a ordem, que é: a Negação, a Revolta, a Negociação, a Depressão e a Aceitação. E dou por subentendida a fase da depressão.
Bem, espero que quem não viu possa ver o filme. É muito engraçado ver aquele homem arrastando-se pelo chão, pagando todos os micos possíveis para recuperar a mulher amada.
Hoje tenho 72 anos, continuo querendo me separar da Priscilla, e ela de mim naturalmente, posto que somos normais e tenho a impressão que poderíamos fazer isso alegremente sem nenhum ciúme e nenhuma dor. Tenho essa exata impressão e com a mesma convicção que não acredito absolutamente nela. Morro de medo de me separar da Priscilla. Creio, concluindo, que é uma questão genética. Há homens que nasceram para viver sozinhos, e certamente não sou um deles. A verdadeira arte de viver talvez seja tentar ser aquilo que você é. O que evidentemente é muito difícil.
Me aguardem no meu próximo filme, é uma espécie de continuação de Separações. Acompanhando o casal, até digamos assim, o fim. Titulo: “Inseparáveis”.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

As Mil Mãos do Boddhisattva Kuan Yin



As 21 bailarinas são surdas-mudas.
Ela são auxiliadas por monitoras ouvintes, que percebemos ao lado do palco, quando a câmera pega o todo.
Elas interpretam "As Mil Mãos do Boddhisattva Kuan Yin"; o Boddhisattva da Compaixão.

Eliane

Stop and hear the Music



REFLEXÃO SOBRE A PERCEPÇÃO DE VALOR INTRÍNSECO

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.
Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.
Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.
Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.

A experiência, gravada em vídeo http://br.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw

mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.

Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço.
O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes?
É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser? Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro.
Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho. Mostra-nos, ainda, que a maioria das pessoas só valorizam aquilo que está precificado.

"O preconceito é filho da ignorância" Willian Hazlitt

"Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda." (Carl Gustav Jung)

Te amo como



Te amo como as begônias tarântulas amam seus  
congêneres; como as sementes se amam enroscadas lentas 
algumas muito verdes outras escuras; a cruz na testa lerdas 
prenhes; dessa agudez que me rodeia, te amo ainda que isso 
te fulmine ou que um soco na minha cara me faça menos osso e 
mais verdade. 
 
Hilda Hilst: Lucas, Naim 

Indivisiveis



O meu primeiro amor e eu sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas,
Isto é, que a gente achava bobas
Como qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos.
Crianças...
Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexos
A não ser o azul imenso dos olhos dela,
Olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
Nem no cachorro e no gato da casa,
Que tinham apenas a mesma fidelidade sem compromisso
E a mesma animal - ou celestial - inocência,
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
Não, não importava as coisas bobas que diséssemos.
Éramos um desejo de estar perto, tão perto
Que não havia ali apenas duas encantadas criaturas
Mas um único amor sentado sobre uma tosca pedra,
Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabia
Que eles levariam procurando uma coisa assim por toda a sua vida...

Mário Quintana

Declaraçao de amor



O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar
O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar

Carlos Drummond

Sutilmente

terça-feira, 26 de maio de 2009

Mais livros...



Caso estejam com falta de livros, aqui alguns dos muitos que temos comentado até agora,

Uma questão pessoal, de Beppe Fenoglio
Seda, de Alessandro Baricco
Como um Romance, de Daniel Pennac
Ser e Tempo, Heidegger
Os Passos em Volta, Herberto Helder
Notas para uma definição de cultura, T.S Eliot
A Palavra O Açoite, Emanuel Félix
Menina a caminho, Raduan Nassar
Lavoura Arcaica, Raduan Nassar
Modernidade Líquida, Zygmunt Bauman
Vida Líquida, Zygmunt Bauman
Cachorros de Palha, John Gray
Falso Amanhecer, John Gray
Missa Negra, John Gray
Al-Qaeda e o que significa ser moderno, John Gray
Ponto de Mutação, Fritjof Capra
Tao da Física, Fritjof Capra
Modernidade e Identidade, Anhony Giddens
Tudo que é sólido desmancha no ar, Marshall Berman
Grande Sertão Veredas, G. Rosa
A Terceira Margem do Rio, G. Rosa
A morte de Ivan Ilitch, Tolstoi
Family Happiness, Tolstoi
Notas do Subterrâneo, Dostoievski
Atonement, Ian McEwan
A Dupla Chama: Amor e Erotismo, Otávio Paz
Lolita, Nabokov
Machenka, Nabokov
Primeiro Amor, Samuel Beckett
A Fera na Selva, Henry James.
Bartleby, o Escrivão, Herman Melville
The Book of Illusions, Paul Auster
Predictably Irrational, Dan Ariely
As Ligacoes Perigosas, Choderlos de Laclos
Is There an Artificial God? Douglas Adams
O Estrangeiro, Albert Camus
O Estranho Caso do Cachorro Morto, Mark Haddon
Ócio Criativo, Domenico de Masi
Capitão Cueca, Dav Pilkey
Harry Potter, J.K. Rowling
Livros de Nathalie Sarraute
Livros de António Lobo-Antunes
Livros de Edgard Morin

Cançao Amiga



Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não se vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem anda ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

Carlos Drummond

Mais Lobo Antunes



Écrire, c’est comme une drogue. On commence juste pour le plaisir, et on finit par organiser sa vie autour de son vice, comme les drogués. Telle est la vie que je mène. Même mes souffrances, je les vis comme un dédoublement: l’homme souffre, et l’écrivain se demande comment utiliser cette souffrance dans son travail.

***

Writing is like a drug. You begin [to do it] just for the fun and you end up organizing your life around your vice, like the addicts. That’s the life I lead. It is the same with my own pain. I look at it like a schizoid: there’s the man who suffers and the writer who asks himself how he can use that suffering in his work.

Entrevista Lobo Antunes



De que trata esse livro?

Lobo Antunes - Não gosto de falar dos livros, não é possível falar deles. Se pudesse resumir um livro em cinco minutos, para que escrevê-lo? O que me interessa é que as páginas sejam espelhos em que a gente se veja, é meter a vida inteira entre as capas de um livro.

Muitos consideram os seus livros experimentais, difíceis...

Lobo Antunes - Fico espantado em ouvir isso. Os livros para mim são tão claros! Não compreendo as pessoas que digam isso, penso que tem a ver com hábitos de leitura. Fazemos um trabalho completamente impossível que é o de tentar transformar em palavras coisas que são anteriores às palavras, pulsões, emoções. Difíceis eu não acho. Eu me lembro de aos 20 anos ver os filmes do Bergman e me chatearem pra burro. Agora me comovem até as lágrimas: era eu que não estava preparado para o Bergman.

Borogodó demais



Aqui uma imagem! Será que tem um pouco de borogodó?! Aproveito para incluir o texto completo que Thais compartilhou- é borogodó demais

Duvido que haja algum cristão na face da terra que não gostaria de receber este elogio: você tem borogodó.
Pois bem! O que é afinal esse tal de borogodó? Será que é possível precisar o que é exatamente ter esse tempero que nos apetece, essa energia que nos faz estremecer, esse impulso que nos faz ficar de olhos grudados em alguém.
Vou dar a minha versão. Antes de tudo, uma premissa: borogodó não tem nada a ver com beleza física, com riqueza material, com condição econômica, com idade, profissão e outros atributos afins. Não passa por esses caminhos que podem ser até adornos interessantes.
Ter borogodó é mais especial que tudo isso junto. É ter aquele olhar 43, que nos desgoverna, ainda quando a gente se considera a pessoinha mais gostosa e resolvida do pedaço.
Ter borogodó é saber dizer aquela palavra, aquela frase, com aquela pontuação certa, que percorre feito veneno bom nossa espinha dorsal, de maneira sutilmente perigosa.
Ter borogodó é ter o dom de exibir de maneira natural (porque verdadeira) a inteligência que possui, despretensiosamente, ainda que numa conversa banal. Mas, é também demonstrar na mesma dosagem, sem nenhum constrangimento, o desconhecimento de algum assunto, sem aparentar nenhuma obrigação de saber a respeito.
Ter borogodó, minha gente, é aquela figura que sabe usar, de maneira elegante, o ponto de interrogação e o de exclamação. Ah! Este é um dos itens capitais dos borogodenses. Ainda quando nos desconcertam, eles o fazem com elegância, já que são de linhagem oposta daqueles que bisbilhotam a vida da gente ou arregalam os olhos com as histórias que costumamos contar sobre nossas vidas.
Enfim, ter borogodó, é aquela personagem que por todas essas razões e por outras mais, é capaz de ser motivo de criação de uma fila de espera de desencantados com o amor, que tão somente o querem ter a seu lado para usufruírem do seu maravilhoso borogodó.

Five o'clock tear



Coisa tão triste aqui esta mulher
com seus dedos pousados no deserto dos joelhos
com seus olhos voando devagar sobre a mesa
para pousar no talher
Coisa mais triste o seu vaivém macio
p'ra não amachucar uma invisível flora
que cresce na penumbra
dos velhos corredores desta casa onde mora

Que triste o seu entrar de novo nesta sala
que triste a sua chávena
e o gesto de pegá-la

E que triste e que triste a cadeira amarela
de onde se ergue um sossego um sossego infinito
que é apenas de vê-la
e por isso esquisito

E que tristes de súbito os seus pés nos sapatos
seus seios seus cabelos o seu corpo inclinado
o álbum a mesinha as manchas dos retratos

E que infinitamente triste triste
o selo do silêncio
do silêncio colado ao papel das paredes
da sala digo cela
em que comigo a vedes

Mas que infinitamente ainda mais triste triste
a chávena pousada
e o olhar confortando uma flor já esquecida
do sol
do ar
lá de fora
(da vida)
numa jarra parada

Emanuel Félix

7 pecados de Gandhi



Wealth without Work

Pleasure without Conscience

Science without Humanity

Knowledge without Character

Politics without Principle

Commerce without Morality

Worship without Sacrifice

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Llegar a viejo



El Próximo mes de Junio cumplo sesenta y cinco años, lo cual significa que oficialmente entro a la “tercera edad”, y se me puede llamar viejo sin ello signifique nada más que la verdad pura y simple, aunque todavía –creo yo- faltan algunos años para que se me denomine como anciano.

Una cifra como esta significa muchas cosas, es motivo de reflexiones por parte de quien llega a ella, y quiero compartir con ustedes algunas.

En primer lugar caí en cuenta de que envejecer no solamente era un proceso natural, era también un proceso social, en la medida en que los demás empiezan a vernos de manera diferente, a tratarnos a veces con mucho respeto, (y aclaro que no siempre, en este país de gente grosera y maleducada), y en otras con fastidio sin llegar a decirlo, pero que uno lo percibe. También que uno empezaba a sorprenderse de cuán poca edad tienen los demás, sobre todo cuando se trata de los médicos que regularmente lo atienden por las dolencias propias de los “viejos”, que aparecen irremediablemente.

Que la mayor diferencia radicaba, socialmente, en que de jóvenes mirábamos hacia adelante, llenos de ímpetus y esperanzas, pero de manera ingenua porque desconocíamos las trampas de la vida; y que de viejos mirábamos hacia atrás, sorprendiéndonos que hubiésemos llegado tan lejos, que sorteáramos tantas barreras y que nos conserváramos incólumes, aunque ya sin mayores esperanzas.

Por otro lado, reflexionaba que si envejecer era un inevitable proceso natural, la única posibilidad que quedaba ante él era conducirlo de la manera más conveniente para las particulares condiciones físicas y psicológicas de cada quien. Y observé en personas de mi misma edad cómo, algunos trataban de hacerse más amables y complacientes, intensificando sus contactos con los demás, para no sentirse excluidos, y otros trataban de de retirarse discretamente, sobre todo cuando toda su vida habían dado demasiada importancia a la apariencia física, o se estaban quedando sordos, o no comprendían o no les interesaban los temas sobre los que hablaban los demás.

Que para afrontar con dignidad esta realidad se trataba, ni más ni menos, de introducir en el proceso natural la mayor cantidad de libertad posible que los demás aceptaran sin irritarse, preocuparse por nosotros, o incluso envidiarnos por tener esa libertad que permite la sabiduría de los años y la experiencia de muchos caminos recorridos. De aligerar el equipaje vital, desprendiéndose de muchas cosas, alejándose de ciertas alegrías y sufrimientos que ya no son propias de esta edad, y de caminar por una discreta senda interior en la cual se es amo y señor de las decisiones más importantes, si envidiar ni amargarse al no tener los encantos de la juventud, ni desvelarse por no tener ya lo que ya no se pudo alcanzar en la vida, por la razón que fuera.

Manuel Formoso escribió, por allá de 1995, que debía tenerse a la libertad como recompensa para el espíritu que sepa desarraigarse de las cosas materiales, como actitud ante un mundo cambiante y desconcertador, porque los puntos de referencia que antes nos guiaban, ya no están donde solían estar… siendo esta libertad el bien más preciado al que podía aspirar un viejo. Y si consigue conquistarla podrá enfrentar mejor los acosos de la salud declinante, el alejamiento de los estuvieron cerca o el vértigo de un mundo excesivamente sonoro y rápido, que cada día resulta más absurdo e incomprensible.

Y reflexioné acerca de cómo, amigos y amigas de la misma edad, que entraban en ciclos depresivos profundos por sentirse alejados de sus ilusiones, se alejaban de lo más importante: el dejarse invadir cálidamente por los recuerdos felices del pasado, en vez de lamentarse por lo no logrado o por las cosas que se fueron perdiendo en el camino. Permitir que regresen como fantasmas complacientes, decía Formoso, aquellos que nos amaron, recuperando su trato en ese nivel e intensidad. Sería como convertirse en un acogedor palomar al sol al cual llegan los más queridos fantasmas, poblándolo de recuerdos amables.

Recordé de inmediato un verso del Padre Suárez Veintimilla, que decía “recuerdos, palomas que parten al alba y todas las tardes retornan al nido, trayendo una nueva canción en sus alas”, asociándolo con los vuelos que de jóvenes emprendimos y de los cuales regresamos hoy, llenos de canciones amables que solamente nosotros comprendemos: los rostros de quienes amamos, los logros más íntimos, las conquistas más secretas, las lágrimas derramadas con cierta dulzura.

Por ello es que se dice que los viejos inventaron la memoria para seguir viviendo, que el viejo es él y sus recuerdos. Y que cuando sonríe, es que se está trasladando, por la memoria, aun instante de felicidad de su lejana juventud. El descubrimiento de la persona amada, la llegada de los hijos, los logros académicos y profesionales, las aventuras secretas, los paisajes contemplados. Decía Enrique Obregón que la sonrisa de un viejo es como la luz que percibimos de una estrella, que nos llegó cuando ha dejado de ser luz en un tiempo sideral que los hombres desconocemos. Y que las personas que tiene una larga vida están como suspendidas en el tiempo: forman parte de un presente, sin ser, porque solamente fueron, y nunca integrarán un futuro porque no serán ya más.

Me llegaron a mi memoria entonces estas palabras: el joven libra una batalla con la vida, el viejo, contra la muerte. El primero piensa que ganará, el segundo sabe que su lucha está perdida. El triunfo sobre la vida es por un rato nada más, pero eso lo entiende el joven cuando deja de serlo.

Luego pasé a las cosas que quise hacer y no lo logré. Entre ellas estaban el haber aprendido a tocar algún instrumento musical, el haber volado en ala delta desde una montaña, viajar en globo o pasear tranquilamente a bordo de un crucero de lujo, haber sido un mejor padre y no haber causado algún dolor a los hijos, haber tenido un carácter más dulce y cariñoso. Pero no me causó tristeza, acepté con resignación que mis limitaciones personales me habían hecho como era, que mis errores eran tantos como mis aciertos, y que el bagaje de mi amor no se había agotado.

Finalmente, que debía haber pedido perdón con más frecuencia, pero que ya era muy tarde para ello porque el dolor causado se había disipado con el perdón recibido. Y que no había nada que envidiar ya, que la vida había sido buena, y dura, y dulce, y amarga, y alegre, y triste, y todo ello junto en un caleidoscopio maravilloso de mil colores. Y que lo logrado era el resultado de las propias decisiones.

Alfonso J. Palacios Echeverría

domingo, 24 de maio de 2009

I want you to want me



I Want You To Want Me explores the search for love and self in the world of online dating.

Over the past several years, online dating has entered the mainstream, drawing over 50 million visitors per month. En masse, people have condensed their identities into page or paragraph-long descriptions, sometimes complemented by a handful of photographs or peppered with responses to canned questions. These personal profiles are modern messages in a bottle, short statements of self, telling not only who people are, but also what people want. In these advertisements for new human relationships, people package and present their most loveable qualities to help complete their quest to be loved.

I Want You To Want Me chronicles the world’s long-term relationship with romance, across all ages, genders, and sexualities, gathering new data from a variety of online dating sites every few hours. The system searches these sites for certain phrases, which it then collects and stores in a database. These phrases, taken out of context, provide partial glimpses into people’s private lives. Simultaneously, the system forms an evolving zeitgeist of dating, tracking the most popular first dates, turn-ons, desires, self-descriptions and interests.

The data is presented as an interactive installation, displayed on a 56” high-resolution touch screen, hung vertically on a wall in a dark room. On screen is an interactive sky, whose weather (sunny, cloudy, rainy, snowy, etc.) can be controlled by the viewer. Through the sky float hundreds of blue (male) and pink (female) balloons, each representing a single dating profile. The brighter balloons are younger people; the darker balloons older. Trapped inside each balloon is one of over 500 video silhouettes, showing a solitary person, engaged in any number of activities (yoga, jumping jacks, nose-picking, air guitar, etc.). The viewer can touch any balloon to select it, causing its photo to dangle from a string and its sentence to appear in a thought bubble overhead. Touching any balloon a second time pops it. The balloons move through the sky along different paths and at different speeds, bumping up against each other, sometimes traveling together for a time, but only ever getting so close, as each silhouette is ultimately confined to its own balloon.

I Want You To Want Me aims to be a mirror, in which people see reflections of themselves as they glimpse the lives of others.

More works of Jonathan Harris at http://www.number27.org/

Teuler Reis



Ávidos.
Sonhos, desejos, vontades.
A matriz, embora desconhecida, entoa a melodia.
O momento é de profunda busca.
As palavras, como peças de um tabuleiro de xadrez, buscam encontrar o espaço capaz de dar um significado revelador.
Somos e estamos ávidos de sabedoria.
Traduzir o gesto, em palavras plenas, resume nosso maior feito.
É a vida que revela seus contornos e segredos.
Ajusta suas arestas e transita no inesperado, produz sentido.

A política está tão repulsiva que vou falar de sexo



Outro dia, a Adriane Galisteu deu uma entrevista dizendo que os homens não querem namorar as mulheres que são símbolos sexuais. É isto mesmo. Quem ousa namorar a Feiticeira ou a Tiazinha? As mulheres não são mais para amar; nem para comer. São para "ver". Que nos prometem elas, com suas formas perfeitas por anabolizantes e silicones? Prometem-nos um prazer impossível, um orgasmo metafísico, para o qual os homens não estão preparados.


As mulheres dançam frenéticas na TV, com bundas cada vez mais malhadas, com seios imensos, girando em cima de garrafas, enquanto os pênis-espectadores se sentem apavorados e murchos diante de tanta gostosura. Os machos estão com medo das "mulheres-liquidificador".

O modelo da mulher de hoje, que nossas filhas almejam ser, é a prostituta transcendental, a mulher-robô, a "valentina", a "barbarela", a máquina-de-prazer sem alma, turbinas de amor com um hiperatômico tesão. Que parceiros estão sendo criados para estas pós-mulheres? Não os há.

Os "malhados", os "turbinados" geralmente são bofes-gay, filhos do mesmo narcisismo de mercado que as criou. Ou, então, reprodutores como o Szafir, para o Robô-Xuxa. A atual "revolução da vulgaridade", regada a pagode, parece "libertar" as mulheres. Ilusão a toa. A "libertação da mulher" numa sociedade escravista como a nossa deu nisso: super-objetos.


Se pensando livres, mas aprisionadas numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor e dinheiro. São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades. Mas, diante delas, o homem normal tem medo. Elas são areia demais para qualquer caminhão. Por outro lado, o sistema que as criou enfraquece os homens que rabalham mais e ganham menos, tem medo de perder o emprego, vivem nervosos e fragilizados com seus pintinhos trêmulos, decadentes, a meia-bomba, ejaculando precocemente, puxando o sacos, lambendo botas, engolindo sapos, sem o antigo charme "jamesbondiano" dos anos 60.

Não há mais o grande "conquistador". Temos apenas os "fazendeiros de bundas" como o Huck, enquanto a maioria virou uma multidão de voyeurs, babando por deusas impossíveis. Ah, que saudades dos tempos das bundinhas e peitinhos" normais" e "disponíveis"... Pois bem. Com certeza a televisão tem criado "sonhos de consumo" descritos tão bem pela língua ferrenha do Jabor. Mas ainda existem mulheres de verdade. Mulheres que sabem valorizar o que tem "dentro de casa". E, acima de tudo, mulheres com quem se possa discutir uma música do Paulinho Moska ou de Ravel sem medo de parecer um "tio" ou "aquele cara metido a intelectual". Mulheres que sabem valorizar uma simples atitude, rara nos homens de hoje, como abrir a porta do carro para elas. Cartas (ou e- mails) românticos. Escutar no som do carro aquela fitinha velha dos Carpenters ou o Cd dos Carpenters (Kenny G já chega a ser meio breguinha... mas é bom !!), namorar escutando estas musiquinhas tranquilas. Penso que hoje, num encontro de um "Turbinado" com uma "Saradona" papo deve ser do tipo "meu professor falou que posso disputar o Iron Man que vou ganhar fácil.

Ah querido ... o meu personal Trainner disse que estou com os glúteos bem em forma e que nem vou precisar de plástica".

Para bom entendedor ... meia. E a música ? Se não for o "último" "sucesso (?)" dos Travessos ou Chama-Chuva ... é BONDE DO TIGRÃO. Mulheres do meu Brasil Varonil, não deixe que criem estereótipos!

Não comprem o cinto de modelar da Feiticeira. A mulher brasileira é linda por natureza. Silicone é para as americanas que não possuem a felicidade de ter um corpo esculpido por Deus e bonito por natureza. E se os seus namorados pedirem para vocês ficarem igual a feiticeira, fiquem ... a Feiticeira dos seriados de Tv. Façam-os sumirem!

Mario Quintana





"Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...e que valeu a pena!"

Sairam de seus escondites



Algumas frases de nosso primeiro encontro

Jaderson Socrates
Livros: Political Ideals / Deus é delírio / O Mundo assombrado pelos Demônios / Espiritualidade para Seticos / John Grey, Missa Negra / Ensaios Seticos
Frases:
Estamos reunidos por uma relação de afeto, afeto pela liberdade
Encontrei explicações que a própria vida não conseguia me dar
Curiosidade infantil
Me sinto tão miserável como antes porem liberado
Stakeholder – não quer traduzir porque você não quer ser isso
No coração do humano cabe sangue e alma, não tem lugar para o dinheiro
Cascaduras Medical Center
PSI não FYI!

Roberto Shakespeare
Frases:
Podia a casa inteira pegar fogo e minha mãe continuaria lendo
Leitura saudável não é obrigatória
Você está estudando para vestibular?
Acho que temos que ter um grupo de book nerds igual que existe grupo de charutos e xadrez

Daniela Nabokov
Livros: Capitão Cueca / Machenka Nabokov
Frase: Interessada em procurar pessoas que alimentem sua compulsão pela leitura

Claus Morin
Livros: Edgard Morin
Frase: Livro não sai da mesada / foto de filho com jornal no carro!

Pati Lispector
Livros: Irmãos Grimm / Borges
Frases:
Gostaria emprestar a alma de Clarice Lispector / Nietzsche
O privilegio de ser o quem você é

Vanessa Proust
Frases:
Literatura ajuda a gente a se definir a gente pelo que a gente é
Marcos Quintana – Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas, mas os livros mudam as pessoas

Cris Tolstoi
Livros: Katherine Mansfield, Bliss
Frase:
? Cris não consegui anotar uma sua!
Administração com base na obra de Shakespeare

Eliane de Beauvoir
Livros/ Contos: Guimarães Rosa, O Espelho / Clarice Lispector, Imitação da Rosa / Edgar Allan Poe
Frase:
Tempo que estou dormindo é tempo que não estou lendo
Livros falavam o que não é falado
Como se criam mulheres de palavras
A arte literária e a arte de administrar
Da McKinsey – Uphold the obligation to dissent

Rendrik Wolf-Antunes
Livros: Beppe Fenoglio, Uma questão pessoal (indicação A. Baricco) / Vidas Secas
Frases:
Literatura está acima de Deus, é mais importante que viver
Saramago – Seres feitos de papel
Você não deve escolher livros porque eles são muito ciumentos
Lobo Antunes é o Bossa Nova da literatura

Ann ?
Frase:
Vou ter que consultar com meu terapeuta sobre meu pseudônimo

Marcelo Schumpeter
Frase:
Sempre gostei de ler livros de negócios
? pseudônimo ? não conseguiu contar a razão!

Nathalie Woolf
Livros: Leo Buscaglia, Living, Loving and Learning / Paul Theroux – travel writer
Frase:
Falam que não somos nos que achamos os livros, mas eles que nos acham

Nascidos em Maio



Estas letras e este autor aqui estão simplesmente para se integrarem na poesia dessa circunstância e avivá-la em vós, se acaso vai murchando, como sugeri-la a todos os outros seres, infortunados seres que nasceram em março, em julho, em novembro. Porque vosso nascimento é pura canção, mesmo que sejais economistas, deputados, capitães-de-corveta. Uma predestinação lírica presidiu a vosso berço, e que tenhais enveredado por um caminho prático, onde a palavra maio significa apenas assembléia-geral de uma companhia de produtos químicos, não tem a menor importância: estais marcados de m aio, carregais convosco, no canal de vossas veias, invisível, incapturável, imperturbável e aliciante, o princípio de maio. E ele jamais permitirá que vos tomem por um simples homem de outubro, e na vossa miúda e radiante biografia há de sempre insinuar a nota íntima, cristalina e melodiosa, de um pequeno acidente feliz, individualizadora do destino humano.
Maio soi e maio continuareis. O uso grosseiro de vossa vida não lhe corromperá de todo a limpidez original; se um dia matardes, se vos venderdes à política, se vos tornardes a vergonha da pátria, ainda assim o lado maio de vossa fisionomia continuará indelével, e fará com que se murmure: “Coitado! Apesar de tudo, nasceu em maio.” E tu nasceste em maio – assinala o poeta ao fim do canto em que celebra o mês especial, assim como aquele que se inclinou diante do recém-nascido marcado pelos deuses, afiançando: Tu Marcellus eris. Por quê? Decerto não sabeis bem por que, mas sentimentalmente o aprendeis, e, homem ou mulher, os nascidos em maio caminham ao peso de uma carga suave – uma andorinha não pesaria menos –, que o pressentimento, a intuição de participarem de um segredo atmosférico, pois ele está gravado, em hieróglifos, no ar, e no vento perpassa. “Nós, os de maio...” – tendes o direito de sublinhar, em face da mesquinha situação de nós outros, os do resto do ano (exceto os da segunda quinzena de dezembro, é claro!). E aqui ouso lembrar que vosso segredo é meio-pagão, meio-religioso, de tal modo as coisas se baralham no mundo, e os mistérios se prolongam e se entrelaçam. Porque há em maio dois meses: o mês de Maria, e o mês de maio propriamente dito. Se sois cristãos romanos, maio bate sinos na vossa infância oui na vossa madureza, e aspirais o incenso, entoais o Janua Coeli, Turris Eburnea e não sei que mais invocações encantatórias, e vos ajoelhais, e assistis à coroação da Virgem, se não a coroais vós mesmos, com a mão antiga e branca que nasce de súbito na ponta de vossos braços adultos. Mas, se não sois cristãos, não faz mal, maio ainda é festa, e festa foi sempre, desde o velho mundo latino, que o consagrava a Apolo e lhe punha à cabeça uma cesta de flores. Apolo, flores, fim do cruel inverno, irradiação da primavera, procissão de palmas verdes, enfeites de casa com verde, tudo verde, verde, e esse ramo florido e enguirlandado que na Idade Média o amigo ia plantar à porta da casa do amigo, a 1º de maio, e que se chamava maio, e que sugere ao meu austero dicionalista Caldas Aulete esta expressão para definir um sujeito todo enfeitado: “Parecia mesmo um maio.” Como sugeriu a Camões, em momento de ternura, o doce verso: Só para meu amor é sempre Maio. De resto, o segundo maio, o mariano – em que não desfaço, tanto lhe devo eu próprio em evocações e sensações artísticas depositadas no fundo de meu pobre materialismo –, só nasceu mesmo no Século XVIII, quando o padre jesuíta Lalomia teve a idéia de transformar paganismo em cristianismo (muitos de nossos santos, Deus me perdoe, guardam a sombra de divindades ou entidades pagãs, a julgarmos pelo caso de São Sátiro, contado por Anatole France), e dedicou o mês a Nossa Senhora, compondo em 1785 Il Mese de Maggio Consacrato alle Gloria della Gran Madre de Dio.
Maio cristianizou-se, porém muito de sua magia continua ligada ao reverdecimento espontâneo das árvores, ao desatar das águas presas durante 89 dias e 2 horas, na deliciosa falsa contagem dos metereologistas, às expansões da terra que penetrou em um novo ciclo e aconselha bichos, gentes e plantas a que amem, amem desbragadamente. Não estou delirando, ó criaturas de maio. Tudo isto se passa em outro hemisfério, mas também por estas bandas austrais maio é primavera, senão na natureza, pelo menos em estado de espírito, em concordância íntima de valores, em consubstanciações vaporosas de que cada um de nós adquire a fórmula, a qual, ó eleitos, nem sequer precisais aprender, pois a recebestes com o primeiro vagido. Concordo, sem repugnância, em que o nosso mês de maio cai no fim do outono. Custa-me pouco aceitar o outono brasileiro, se o vejo, como aqui no Rio, de um azul tão diáfano, arrepiado por um friozinho que enxuga e perfuma o suor das coisas, tristes coisas urbanas usadas pelo sol do trópico, e por ele restituídas à sua prístina pureza. Não há tempo mais leve, caricioso, humano e coloquial do que este maio carioca, revestido ou não de prestígio mundano, porque sorri tanto aos freqüentadores de concertos como aos homens sentados em bancos de jardim público, ao passageiro do bonde Freguesia, ao remador, à datilógrafa do Serviço de Proteção aos Índios, ao médico do Pronto-Socorro, ao Senador Melo Viana, aos meninos da Escola Cócio Barcelos, aos pedreiros construindo edifícios, à massa palpitante de uma cidade feita de subúrbios que transbordam até à Avenida Rio Branco: maio dá para todos, reparte-se amorosamente entre homens sofredores e homens de boas roupas, como uma conciliação meteorológica, um arco-íris pairando sobre as contradições da cidade. Sem bem que, de coração, ele se volte mais, num enternecimento cúmplice, para aquela parte do povo que sua no rude batente, e a que é dedicado, desde 1890, o seu dia inaugural. Mês de Nossa Senhora coroada de rosas, e de operários que morrem pela causa de oito horas de trabalho no mundo, frio mês das montanhas mineiras, nostalgia de namoradas e rezas, cartuchos de amêndoas que a irmã trazia da coroação na Matriz, que era um grande navio iluminado, conversas no adro, à espera do leilão de prendas, vagos estremecimentos de poesia, formas infantis de um sonho que mais tarde seria inquietação e carinho franjado de ironia – tudo isso vai brotando desta caneta comercial com que escrevo, e baila no ar e me penetra – tudo isso é vosso, é a própria substância de que se tece vossa vida, ó nascidos e bem-aventurados em maio!, para quem esta carta é colocada na mala irreal de uma posta feérica.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 23 de maio de 2009

Augusto Cury



"Uma pessoa imatura pensa que todas suas escolhas geram ganhos. Uma pessoa madura sabe que todas as escolhas têm perdas"

A maior aventura de um ser humano é viajar,
E a maior viagem que alguém pode empreender
É para dentro de si mesmo.
E o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro,
Pois um livro revela que a vida é o maior de todos os livros,
Mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas
E descobrir o que as palavras não disseram...

Memoria



Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

- Drummond

Caminante no hay camino



Antonio Machado (in Poemas del Alma)


Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.

Nunca persequí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...

Nunca perseguí la gloria.

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.

Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.

Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...

Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...

Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse le vieron llorar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...

Cuando el jilguero no puede cantar.
Cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

DUAS PESSOAS



”Eu digo: o teu cabelo. Ela está agachada junto à cama, procurando um sapato que se extraviou. Ergue a cabeça, de lado, e os olhos lentos e confusos parecem indagar desamparadamente. Estas pequenas prostitutas ficam
diante de mim desprovidas quase de qualidades humanas. Possuem o corpo, máquina de algum talento, enquanto a minha solidão continuamente se exerce e cria uma zona intensa, extrema, atravessada por outras presenças, estranhas criaturas calorosas que aparecem e desaparecem, que se substituem, sem atingirem nunca uma forma definitiva. Criaturas incertas, mas verdadeiras. Expressões de uma nebulosa aspiração. Que alcançariam as palavras num dia suposto. Ou me tocariam à noite, ao pé de uma lâmpada íntima, e deste modo provocariam em mim, pela memória, densas associações, frémitos, o sentimento da alegria ou da proximidade da morte. O meu cabelo? - pergunta ela. Está ainda nua. Os joelhos, os seios, os ombros, os sombrios olhos atónitos - são realmente belos. E eu sorrio como se me desculpasse. Devo dizer: não sou puro. Talvez deva dizer: quando murmurei essa frase que se poderia confundir com um apelo ou um repentino e insustentável movimento da emoção («o teu cabelo» ), não pensava, não sentia nada. Eis a verdade: sou uma criatura devastada pelo egoísmo". Continua aqui.

Herberto Helder, in Os Passos em Volta

Aí pelas Três da Tarde




"Nesta sala atulhada de mesas, máquinas e papéis, onde invejáveis escreventes dividiram entre si o bom senso do mundo, aplicando-se em idéias claras apesar do ruído e do mormaço, seguros ao se pronunciarem sobre problemas que afligem o homem moderno (espécie da qual você, milenarmente cansado, talvez se sinta um tanto excluído), largue tudo de repente sob os olhares a sua volta, componha uma cara de louco quieto e perigoso, faça os gestos mais calmos quanto os tais escribas mais severos, dê um largo "ciao" ao trabalho do dia, assim como quem se despede da vida, e surpreenda pouco mais tarde, com sua presença em hora tão insólita, os que estiveram em casa ocupados na limpeza dos armários, que você não sabia antes como era conduzida. Convém não responder aos olhares interrogativos, deixando crescer, por instantes, a intensa expectativa que se instala. Mas não exagere na medida e suba sem demora ao quarto, libertando aí os pés das meias e dos sapatos, tirando a roupa do corpo como se retirasse a importância das coisas, pondo-se enfim em vestes mínimas, quem sabe até em pêlo, mas sem ferir o decoro (o seu decoro, está claro), e aceitando ao mesmo tempo, como boa verdade provisória, toda mudança de comportamento. Feito um banhista incerto, assome em seguida no trampolim do patamar e avance dois passos como se fosse beirar um salto, silenciando de vez, embaixo, o surto abafado dos comentários. Nada de grandes lances. Desça, sem pressa, degrau por degrau, sendo tolerante com o espanto (coitados!) dos pobres familiares, que cobrem a boca com a mão enquanto se comprimem ao pé da escada. Passe por eles calado, circule pela casa toda como se andasse numa praia deserta (mas sempre com a mesma cara de louco ainda não precipitado) e se achegue depois, com cuidado e ternura, junto à rede languidamente envergada entre plantas lá no terraço. Largue-se nela como quem se larga na vida, e vá ao fundo nesse mergulho: cerre as abas da rede sobre os olhos e, com um impulso do pé (já não importa em que apoio), goze a fantasia de se sentir embalado pelo mundo."

Raduan Nassar (para José Carlos Abatte)

Texto extraído do livro "Menina a caminho", Companhia das Letras - São Paulo, 1997. pág.71.

Ávidos

Sonhos, desejos, vontades.
A matriz, embora desconhecida, entoa a melodia.
O momento é de profunda busca.
As palavras, como peças de um tabuleiro de xadrez, buscam encontrar o espaço capaz de dar um significado revelador.
Somos e estamos ávidos de sabedoria.
Traduzir o gesto, em palavras plenas, resume nosso maior feito.
É a vida que revela seus contornos e segredos.
Ajusta suas arestas e transita no inesperado, produz sentido.

Teuler Reis

Barack Obama fala sobre Religião e Secularismo



Um show de argumentação, de bom senso e de humanidade.

Borogodó

Nos últimos dias, refletimos um pouco sobre o borogodó, algo que a ciência e a razão não conseguem explicar e nem reproduzir!

A Thaís Kingsolver ficou instigada e foi atrás desta história. Afinal, o que é borogodó?

Nas suas andanças, achou um relato simples e elucidativo sobre o assunto e ponderou:

Acho que tem TUDO a ver com nossa paixão em comum que é a leitura. Admiramos os autores que admiramos porque são mestres em dizer a coisa certa, no tom certo, com o estilo exato, pontuação perfeita transmitindo o sentimento.

Não há como negar que o borogodó provoca a nossa imaginação. E, neste momento, como sentenciou Jaderson Sócrates, até a razão está do nosso lado. Tem que ter borogodó!

Ah, só mais uma coisa: alguém se arrisca a sugerir uma imagem que represente esse tal de Borogodó?

Positively Misguided - The Myths & Mistakes of the Positive Thinking Movement



By Steve Salerno

My college football coach was the kind of guy Stanley Kubrik must have had in mind when he conceived the over-the-top drill sergeant for his classic Vietnam film, Full Metal Jacket. During one game midway in my sophomore year, my offensive-line cohorts and I were having trouble opening holes for our ball carriers. Coach pulled us aside at half-time and lined us up against a wall. He then walked the line and — from a distance of maybe two inches — screamed into each of our faces in turn, “I want you to tell me now, are you ever gonna miss another block!?” There was a pungent Anglo-Saxon gerund between another and block, but good taste compels me to omit it.

The only acceptable answer was “No sir!”, which we too were expected to scream at ear-splitting volume. This would assure Coach of our mettle, dedication, and worthiness to have him browbeat us for the rest of the season. But to me, Coach’s question sounded unreasonable. I still had two-and-a-half seasons of football ahead of me. What assurances could I give? And so, when my turn came, I drew a breath and said, “Look, Coach, I certainly don’t want to miss another block! But probably yes, I think I will miss a few. Now and then.”

Você pode ler o resto do artigo na Skeptic.

A vision of studentes today

quinta-feira, 26 de março de 2009

Big-Bang Literário




Contam por aí, que um dia a inquieta Nathalie Woolf lançou, numa roda de amigos, uma pergunta singela: vamos fundar um Clube do Livro? Imediatamente, dois loucos gostaram da idéia... depois três... e agora já somos dez Book Nerds participando de um caos literário coletivo - vulgo, troca de e-mails desenfreada - bastante divertido e instigante.

Mas, pelo jeito, não estamos sozinhos neste tipo de start-up tumultuado. Acabamos de descobrir que Eduardo Gianetti, autor de Felicidade, também viveu uma experiência semelhante. Leia o prólogo do Livro, que relata esta movimentação inspiradora.

Proud Book Nerds

terça-feira, 24 de março de 2009

1001 Books you must read before you die




Se você achou que chegar ao Paraíso seria uma tarefa fácil, ledo engano. Até lá, nós, pobres mortais, temos uma grande missão: 1001 Books you must read before you die.

O organizador do livro, Peter Boxall, fez uma seleção eclética dos supostamente melhores romances de todos os tempos. Vale lembrar que a escolha, ainda que baseada na opinião de 100 críticos literários, foi bastante subjetiva.

Listamos, abaixo, os 100 primeiros. E se você ainda tiver fôlego, confira a lista completa aqui.

  1. Never Let Me Go – Kazuo Ishiguro
  2. Saturday – Ian McEwan
  3. On Beauty – Zadie Smith
  4. Slow Man – J.M. Coetzee
  5. Adjunct: An Undigest – Peter Manson
  6. The Sea – John Banville
  7. The Red Queen – Margaret Drabble
  8. The Plot Against America – Philip Roth
  9. The Master – Colm Tóibín
  10. Vanishing Point – David Markson
  11. The Lambs of London – Peter Ackroyd
  12. Dining on Stones – Iain Sinclair
  13. Cloud Atlas – David Mitchell
  14. Drop City – T. Coraghessan Boyle
  15. The Colour – Rose Tremain
  16. Thursbitch – Alan Garner
  17. The Light of Day – Graham Swift
  18. What I Loved – Siri Hustvedt
  19. The Curious Incident of the Dog in the Night-Time – Mark Haddon
  20. Islands – Dan Sleigh
  21. Elizabeth Costello – J.M. Coetzee
  22. London Orbital – Iain Sinclair
  23. Family Matters – Rohinton Mistry
  24. Fingersmith – Sarah Waters
  25. The Double – José Saramago
  26. Everything is Illuminated – Jonathan Safran Foer
  27. Unless – Carol Shields
  28. Kafka on the Shore – Haruki Murakami
  29. The Story of Lucy Gault – William Trevor
  30. That They May Face the Rising Sun – John McGahern
  31. In the Forest – Edna O’Brien
  32. Shroud – John Banville
  33. Middlesex – Jeffrey Eugenides
  34. Youth – J.M. Coetzee
  35. Dead Air – Iain Banks
  36. Nowhere Man – Aleksandar Hemon
  37. The Book of Illusions – Paul Auster
  38. Gabriel’s Gift – Hanif Kureishi
  39. Austerlitz – W.G. Sebald
  40. Platform – Michael Houellebecq
  41. Schooling – Heather McGowan
  42. Atonement – Ian McEwan
  43. The Corrections – Jonathan Franzen
  44. Don’t Move – Margaret Mazzantini
  45. The Body Artist – Don DeLillo
  46. Fury – Salman Rushdie
  47. At Swim, Two Boys – Jamie O’Neill
  48. Choke – Chuck Palahniuk
  49. Life of Pi – Yann Martel
  50. The Feast of the Goat – Mario Vargos Llosa
  51. An Obedient Father – Akhil Sharma
  52. The Devil and Miss Prym – Paulo Coelho
  53. Spring Flowers, Spring Frost – Ismail Kadare
  54. White Teeth – Zadie Smith
  55. The Heart of Redness – Zakes Mda
  56. Under the Skin – Michel Faber
  57. Ignorance – Milan Kundera
  58. Nineteen Seventy Seven – David Peace
  59. Celestial Harmonies – Péter Esterházy
  60. City of God – E.L. Doctorow
  61. How the Dead Live – Will Self
  62. The Human Stain – Philip Roth
  63. The Blind Assassin – Margaret Atwood
  64. After the Quake – Haruki Murakami
  65. Small Remedies – Shashi Deshpande
  66. Super-Cannes – J.G. Ballard
  67. House of Leaves – Mark Z. Danielewski
  68. Blonde – Joyce Carol Oates
  69. Pastoralia – George Saunders
  70. Timbuktu – Paul Auster
  71. The Romantics – Pankaj Mishra
  72. Cryptonomicon – Neal Stephenson
  73. As If I Am Not There – Slavenka Drakuli?
  74. Everything You Need – A.L. Kennedy
  75. Fear and Trembling – Amélie Nothomb
  76. The Ground Beneath Her Feet – Salman Rushdie
  77. Disgrace – J.M. Coetzee
  78. Sputnik Sweetheart – Haruki Murakami
  79. Elementary Particles – Michel Houellebecq
  80. Intimacy – Hanif Kureishi
  81. Amsterdam – Ian McEwan
  82. Cloudsplitter – Russell Banks
  83. All Souls Day – Cees Nooteboom
  84. The Talk of the Town – Ardal O’Hanlon
  85. Tipping the Velvet – Sarah Waters
  86. The Poisonwood Bible – Barbara Kingsolver
  87. Glamorama – Bret Easton Ellis
  88. Another World – Pat Barker
  89. The Hours – Michael Cunningham
  90. Veronika Decides to Die – Paulo Coelho
  91. Mason & Dixon – Thomas Pynchon
  92. The God of Small Things – Arundhati Roy
  93. Memoirs of a Geisha – Arthur Golden
  94. Great Apes – Will Self
  95. Enduring Love – Ian McEwan
  96. Underworld – Don DeLillo
  97. Jack Maggs – Peter Carey
  98. The Life of Insects – Victor Pelevin
  99. American Pastoral – Philip Roth
  100. The Untouchable – John Banville

Para ler antes de morrer...



O baiano Goulart Gomes, escritor semi-profissional, como ele mesmo se define, elaborou uma lista dos seus livros preferidos, divindo-os em três catagorias, no mínimo, inusitadas:

  • Não vá morrer sem ler
  • Leia antes de morrer
  • Se não morrer antes, leia também.

Para balisar a sua recomendação, ele indica se o livro também figura em alguma lista célebre, conforme legenda abaixo.

Confira a lista e boa leitura!

NÃO VÁ MORRER SEM LER:

1. A vida como ela é, Nelson Rodrigues, contos, Brasil (B)
2. Cem anos de solidão, Gabriel García Marquez, romance, Colômbia (C,L,F,G,N,M,P)
3. Crime e Castigo, Dostoiévski, romance, Rússia (C,G,H,M,O,S,P)
4. Dom Casmurro, Machado de Assis, romance, Brasil (B,A,G,H,M,S,I)
5. Dom Quixote, Miguel de Cervantes, romance, Espanha (C,G,H,M,O,S,P)
6. Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa, romance, Brasil (A,B,C,F,G,M,O,S,I)
7. Hamlet, William Shakespeare, teatro, Grã-Bretanha (C,G,H,S)
8. Obra poética, João Cabral de Melo Neto, Brasil (B,A)
9. Eu e outras poesias, Augusto dos Anjos, poesia, Brasil (A,B,O)
10. Romance da Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, Ariano Suassuna (F)

LEIA ANTES DE MORRER:

11. A Divina Comédia, Dante Alighieri, poesia, Itália (C,H,O,S)
12. A Metamorfose, Kafka, romance, Rep. Checa (C,G,H,M,P)
13. A Náusea, Jean-Paul Sartre, romance, França (L,F,N,M)
14. A Odisséia, Homero, poesia, Grécia (C,G,H,O,S)
15. A revolução dos bichos, George Orwell, romance, EUA (F,G,M,T)
16. A terra de Deus, Taylor Caldwell, romance, EUA
17. Amor nos tempos do cólera, O; Gabriel García Marquez, romance, Colômbia (C,G,N,M)
18. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley, romance, Grã-Bretanha (L,F,G,M)
19. Brás, Bexiga e Barrafunda, Antônio de Alcântara Machado, contos, Brasil (B,A)
20. Carta a um jovem poeta, Rainer-Maria Rilke, epistolário, Rep. Checa (H)
21. Cascalho, Herberto Sales, romance, Brasil (quando o filme for lançado, todo mundo vai querer ler!)
22. Gramática expositiva do chão, Manoel de Barros
23. Eu, robô, Isaac Asimov, contos, Rússia (M)
24. Ficções, Jorge Luis Borges, contos, Argentina (C,G,H,O)
25. Fogo morto, José Lins do Rego, romance, Brasil (B,A,I)
26. Fome, Knut Hamsun, romance, Noruega (C,N,M)
27. Germinal, Émile Zola, romance, França (G,M,O)
28. Horizonte perdido, James Hilton, romance, Grã-Bretanha
29. Macunaíma, Mário de Andrade, romance, Brasil (B,A,F,M,S,I)
30. Moby Dick, Herman Melville, romance, EUA (C,G,H,M,P)
31. Nada de novo no front, Erich Remarque, romance, Alemanha (L,M)
32. Narciso e Goldmund, Hermann Hesse, romance, Alemanha (N)
33. O cavaleiro inexistente, Ítalo Calvino, romance, Cuba/Itália (G,H,M)
34. O coronel e o lobisomem, José Cândido de Carvalho, romance, Brasil (B)
35. O cortiço, Aluísio Azevedo, romance, Brasil (B,A,M,O,S,I)36. O deserto dos tártaros, Dino Buzzati, romance, Itália (F,M)
37. O estrangeiro, Albert Camus, Romance, Argélia (C,L,F,G,N,M,P)
38. O pequeno príncipe, Antoine de Saint-Exupéry, romance, França (M)
39. O perfume, Patrick Suskind, romance, Alemanha (M)
40. Obra poética, Castro Alves, Brasil (B,A)
41. Obra poética, Fernando Pessoa, Portugal (H)
42. Os miseráveis, Victor Hugo, romance, França (G,M)
43. Os ratos, Dyonélio Machado, romance, Brasil (B,A)
44. Otelo, William Shakespeare, teatro, Grã-Bretanha (C,G)
45. Sagarana, Guimarães Rosa, contos, Brasil (A,B,G,I)
46. São Bernardo, Graciliano Ramos, romance, Brasil (A,B,G,I)
47. Shogun, James Clavell, romance, EUA
48. Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, Clarice Lispector, romance, Brasil
49. Vidas Secas, Graciliano Ramos, romance, Brasil (A,B,G,S)
50. 1984, George Orwell, romance, EUA (C,G,L,F,M,O,S,T)

SE NÃO MORRER ANTES, LEIA ESTES, TAMBÉM:

51. A Eneida, Virgílio, poesia, Grécia (C,S)
52. A hora da estrela, Clarice Lispector, romance, Brasil (G,M,S)
53. A Ilíada, Homero, poesia, Grécia (C,G,H,S)
54. A imortalidade, Milan Kundera, romance, Rep. Checa
55. A vida e as extraordinárias aventuras do soldado Ivan Tchônkin, Vladimir Voinóvitch, romance, Rússia
56. Alice nos País das Maravilhas, Lewis Carroll, romance, Grã-Bretanha (G,H,M)
57. As aventuras de Tom Sawyer, Mark Twain, romance, EUA (G)
58. As flores do mal, Charles Baudelaire, poesia, França (H,O,S)
59. Auto da compadecida, Ariano Suassuna, teatro, Brasil (F)
60. Canto Geral, Pablo Neruda, poesia, Chile (N,O)
61. Decameron, Boccaccio, contos, Itália (C,G,O,S)
62. Deus lhe pague, Joracy Camargo, teatro, Brasil
63. Farda, fardão, camisola de dormir, Jorge Amado, romance, Brasil
64. Fausto, Goethe, poesia, Alemanha (B,G,H,O)
65. Folhas de relva, Walt Whitman, poesia, EUA (C,H,O,S)
66. Frankenstein, Mary Shelley, romance, Grã-Bretanha (G,M,O,S)
67. Histórias extraordinárias, Edgar Allan Poe, contos, EUA (C,G,M,O)
68. Jubiabá, Jorge Amado, romance, Brasil (A)
69. Longa jornada noite adentro, Eugene O’Neill, teatro, EUA (L,N)
70. Lucíola, José de Alencar, romance, Brasil (B,G)
71. O ateneu, Raul Pompéia, romance, Brasil (B,A,I)
72. O cão dos Baskervilles, Conan Doyle, novela, Grã-Bretanha (M)
73. O feijão e o sonho, Orígenes Lessa, romance, Brasil
74. O fim da infância, Arthur Clarke, romance, EUA
75. O mágico, Summerset Maugham, romance, França
76. O mez da grippe, Valêncio Xavier, romance (?), Brasil
77. O mulo, Darcy Ribeiro, romance, Brasil
78. O nome da rosa, Umberto Eco, romance, Itália (G,L,M)
79. O pagador de promessas, Dias Gomes, teatro, Brasil (B)
80. O quinze, Rachel de Queiroz, romance, Brasil (B,A,S)
81. O reduto, Wilson Lins, romance, Brasil
82. O rei da vela, Oswald de Andrade, teatro, Brasil
83. O retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde, romance, Irlanda (G,M)
84. Obra poética, Bashô, Japão
85. Obra poética, Cecília Meireles, Brasil (B,A)
86. Obra poética, Cruz e Sousa, Brasil (B,A)
87. Obra poética, E. E. Cummings, EUA
88. Obra poética, Ferreira Gullar, Brasil (B)
89. Obra poética, Gregório de Mattos, Brasil (B,A)
90. Obra poética, Vinicius de Moraes, Brasil (B,A)
91. Orlando, Virginia Woolf, romance, Irlanda (F,G,M,O,S)
92. Os cavalinhos de platiplanto, José J. Veiga, contos, Brasil (B,I)
93. Os lusíadas, Camões, poesia, Portugal (H,M,O)
94. Os sertões, Euclides da Cunha, jornalismo literário, Brasil (A,B,G,I,M)
95. Robinson Crusoe, Daniel Defoe, romance, Grã-Bretanha (G,M,O,S)
96. Rubaiyat, Omar Khayyam, poesia, Irã
97. Satiricon, Petrônio, romance, Itália (Roma)
98 Seis personagens à procura de um autor, Luigi Pirandello, teatro, Itália
99. Triste fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto, romance, Brasil (B,A,I)
100. Zorba, o grego, Nikos Kazantzakis, romance, Grécia (C,M)

LEGENDA
A = Alfredo Bosi, 2005
B = Revista Bravo, 2006
C = Clube do Livro da Noruega, 2002
F = Folha de São Paulo, 1999
G = Guia de Leitura, 100 autores que você precisa ler, de Léa Masina (org.)
H = Autores citados no livro "Gênio", de Harold Bloom
I = Ítalo Moriconi, no livro "Para ler como um escritor", de Francine Prose
L = Revista Logos, Feira de Frankfurt, 2000
M = Livro "1001 livros para ler antes de morrer", org. por Peter Boxall, 2007
N = Prêmio Nobel de Literatura (ao autor)
O = Livros "As obras-primas que poucos leram", org. Heloísa Seixas.
P = Livro "Para ler como um escritor", Francine Prose
S = Revista 101 livros que mudaram a humanidade, Superinteressante, 2005
T = Os 100 melhores romances da língua inglesa 1923-2005, Revista Time